Está aqui

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  • O presidente da Universidade Aga Khan, Firoz Rasul, destacou o modo como os valores partilhados pela AKU e pelos seus parceiros dos sectores público e privado em Portugal têm funcionado como uma força motriz para uma série de projetos inovadores.
    AKDN / Jorge Simão
Jantar do Conselho de Administração da AKU em Lisboa

Sua Alteza o Aga Khan, Chanceler da Universidade Aga Khan 
Sr. Carlos Moedas, Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação 
Dr. Haile Debas, Presidente interino do Conselho de Administração
Sr. Nazim Ahmad, Representante Diplomático do Imamat Ismaili 
Administradores e Ilustres Convidados

Boa noite

Muito obrigado a todos por se juntarem a nós esta noite. É realmente uma honra ter-vos connosco esta noite. Devido a circunstâncias inevitáveis, Sua Excelência Marcelo Rebelo de Sousa expressou o seu lamento por não poder juntar-se a nós hoje.

Sentimo-nos especialmente privilegiados por ter o Comissário Moedas connosco esta noite, e aguardamos com grande expectativa o seu discurso. Obrigado, Senhor Comissário, por disponibilizar o seu tempo para estar connosco esta noite.

Esta noite, gostaria de dedicar alguns minutos a refletir acerca dos valores que nos unem a todos nesta sala.

Mas antes de mais, tenho noção de que alguns de vocês podem não estar familiarizados com a Universidade Aga Khan - mesmo aqueles que conheçam o nosso Fundador e Chanceler, Sua Alteza o Aga Khan, ou o trabalho da Fundação Aga Khan em Portugal e Moçambique. Assim, vou dar-vos uma breve introdução à Universidade Aga Khan ou à AKU, como nós lhe chamamos.

A AKU foi fundada em 1983 como a primeira universidade privada do Paquistão. A partir do ano 2000, expandimos as nossas atividades para o Quénia, Tanzânia e Uganda, e mais tarde para o Afeganistão e Reino Unido. Já concedemos mais de 15.000 licenciaturas e diplomas, e dois terços dos nossos graduados são mulheres. Tratamos mais de dois milhões de pacientes por ano nos nossos hospitais, e muitos dos que vivem na pobreza.

Na essência do nosso trabalho está a convicção de que uma universidade de excelência, baseada no mundo em desenvolvimento, pode melhorar a qualidade de vida de inúmeras pessoas. Mas, para isso, acreditamos que tem de fazer duas coisas em simultâneo: deve esforçar-se para alcançar os padrões internacionais de excelência e deve abordar os problemas enfrentados pelas sociedades nas quais funcionamos.

E é isso que tentamos fazer. E existem evidências de que fomos bem-sucedidos em ambas as frentes. Podemos encontrar os nossos ex-alunos nos melhores hospitais e universidades do mundo, assim como em escolas e clínicas em locais remotos da Ásia e de África. A investigação em saúde por parte do nosso corpo docente é reconhecida internacionalmente, e tem-nos ajudado a salvar milhares de vidas em comunidades carenciadas.

O nosso Chanceler, Sua Alteza o Aga Khan e os membros do Conselho de Administração definem a direção estratégica e orientam a Universidade para que cumpra a visão ambiciosa estabelecida pelo nosso Fundador. Sentimo-nos extremamente felizes por ter membros tão ilustres na administração. Esta inclui sete presidentes, chanceleres, reitores e diretores universitários; cinco presidentes e presidentes executivos; e um chefe de justiça. Em conjunto, representam 10 países de quatro continentes. A sua sabedoria garante o nosso sucesso. O conselho reúne três a quatro vezes por ano e esta é a primeira vez que temos o prazer de nos reunirmos em Lisboa. A nossa agenda para esta reunião abarca tudo, desde os planos da AKU para se tornar uma universidade de artes liberais até à aplicação da ciência de dados e inteligência artificial na saúde e nas humanidades.

Mas, voltando ao meu tema - em última análise, o que nos une nesta sala, esta noite, são os valores que partilhamos.

Todos nós valorizamos o pluralismo. Vemos a diversidade da humanidade não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de aprendizagem, partilha e crescimento. Partilhamos a noção de que todas as culturas contribuem com algo essencial para a nossa compreensão da humanidade - uma noção que o grande escritor Miguel Torga capturou de forma tão perfeita quando escreveu, e cito: "O universal é o local sem muros".

O acolhimento que este país mostrou aos ismailis que deixaram Moçambique na década de 1970 é um exemplo inesquecível deste espírito de pluralismo. Tal como o gentil convite por parte do governo para estabelecer aqui a sede do Imamat Ismaili. Sei que a hospitalidade portuguesa deixou uma impressão indelével nos mais de 40.000 ismailis que celebraram o Jubileu de Diamante de Sua Alteza aqui em julho do ano passado. E, há duas semanas, testemunhámos a ética cosmopolita em ação novamente nos Prémios Aga Khan para a Música, aqui em Lisboa.

E nós valorizamos esta parceria. A Universidade Aga Khan, a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e o Imamat Ismaili orgulham-se de ter como parceiros a República Portuguesa; o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; o Ministério da Saúde, a Universidade Católica de Portugal; a Universidade Nova de Lisboa; e no futuro, através dos nossos diálogos, a Fundação Gulbenkian e a Fundação Champalimaud.

Tenho o prazer de dizer que muitas destas parcerias estão a começar a dar frutos.

A AKU e a Católica estão a trabalhar em conjunto para criar uma base de dados online dos 37.000 documentos no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa - documentos que abrangem a atividade portuguesa na região do Oceano Índico do século XVI ao XIX. É um projeto empolgante que permitirá que académicos de todo o mundo aumentem a nossa compreensão acerca de séculos de interação transcultural e da contribuição que Portugal deu ao mundo.

Em Junho, a Universidade Aga Khan e a NOVA serão coanfitriões de um simpósio internacional sobre a ética da investigação com células-tronco e da medicina regenerativa. Esta é uma área altamente prioritária para a AKU, que criou um dos poucos centros em países em desenvolvimento dedicados a realizar investigações científicas de ponta com células-tronco.

Entretanto, a Iniciativa Conhecimento para o Desenvolvimento, entre a AKDN e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, tornou possível numerosos projetos de investigação promissores em países lusófonos de África. Os objetivos destes projetos variam desde o desenvolvimento de culturas que possam adaptar-se às alterações climáticas até à compreensão dos níveis crescentes de resistência aos medicamentos por parte dos vírus de VIH, malária e tuberculose.

Como Sua Alteza o Aga Khan disse durante o seu discurso no Parlamento de Portugal no ano passado, tudo isto confirma o avanço da relação entre Portugal e o Imamat Ismaili.

Por último, mas talvez o ponto mais importante: tal como os lendários exploradores portugueses da Era dos Descobrimentos, todos nós somos participantes da maior e mais emocionante demanda do ser humano: a busca pelo conhecimento.

No século X, essa busca levou os antepassados do nosso Chanceler a fundar a Universidade Al-Azhar, no Cairo. Mil anos depois, isso levou à fundação das instituições aqui representadas, incluindo a mais jovem de todas, a Fundação Champalimaud. E esta noite, trouxe cada um de nós até esta sala, desde a Ásia, África, Europa e América do Norte.

Tendo valores como estes em comum, estou certo de que podemos ajudar a aumentar a compreensão; a reduzir o preconceito, a pobreza e a doença; e a expandir o acesso a oportunidades. Vamos todos juntos levantar âncora e traçar uma rota rumo ao mundo melhor que todos desejamos ver.

Muito obrigado.