No âmbito de uma iniciativa alargada de recuperação do património histórico de Deli, o Sabz Burj - um túmulo da era mogol transformado em ruína de beira de estrada devido a séculos de abandono, vandalismo e uma manutenção precária - recuperou o seu antigo esplendor graças ao restauro levado a cabo pelo Fundo Aga Khan para a Cultura em parceria com o Observatório Arqueológico da Índia e com o apoio da Havells India Limited. O mausoléu abobadado construído da década de 1520, que hoje se encontra bem visível numa rotunda à entrada do Túmulo de Humayun, Local Património Mundial, é um prolongamento da iniciativa, já com uma década, do Fundo com vista a melhorar a qualidade de vida na zona de Nizamuddin e oferecer à vibrante capital um importante espaço verde e cultural.
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Ainda que o mausoléu não apresente qualquer data e não haja registo de quem lá esteja enterrado, o estilo arquitetónico - proporções geométricas harmoniosas em perfeita simetria e pishtaqs a enquadrar os arcos complementados por uma abóboda em forma de cebola ornamentada com azulejos - corresponde à dinastia timúrida, com estruturas octogonais semelhantes a poderem ser encontradas por toda a Ásia Central.
As obras de conservação ocorreram entre 2018 e 2021. Após a remoção do cimento colocado no século XX, foi posto a descoberto de forma meticulosa um tecto que havia sido pintado originalmente em ouro puro e lápis-lazúli, entre outros elementos. Crê-se que este seja o tecto pintado mais antigo ainda existente em qualquer monumento na Índia.
Originalmente, a abóboda estava decorada com azulejos vítreos verdes, derivando daí o nome de Sabz Burj, que significa “torre verde”. Os azulejos coincidentes com as propriedades físicas e químicas dos azulejos do século XVI foram restaurados na abóboda, assim como no tambor, onde estavam em falta. Mantiveram-se todos os azulejos originais, mesmo os que já haviam perdido o seu brilho.
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Uma característica única deste monumento são os diferentes padrões de reboco encrustado em cada uma das oito fachadas. Felizmente, sobreviveram ainda fragmentos de cada um destes padrões, sendo assim possível restaurá-los por completo - incluindo os padrões florais geométricos e as inscrições criadas na argamassa encrustada.
Durante as obras de conservação, os mestres artesãos - entalhadores de pedra, pedreiros, fabricantes de azulejos - usaram os materiais e as técnicas de construção tradicionais preferidas pelos artesãos indianos do século XVI.
“… É para nós um enorme privilégio apoiar [o] Fundo Aga Khan para a Cultura na sua iniciativa de restaurar o património cultural do país. É fundamental que preservemos o nosso património para que as gerações futuras possam manter uma ligação às suas raízes”, disse o Presidente e Diretor-Geral da Havells, Anil Rai Gupta.