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  • Ao criarem um número inferior de cabeças de gado mas com melhor qualidade, os agricultores estão a gerar mais rendimentos ao mesmo tempo que protegem as suas pastagens.
    AKDN / Christopher Wilton-Steer
Fundação Aga Khan
Pastagens mais verdes para os criadores de gado na República do Quirguistão

Para os agricultores da República do Quirguistão, a pecuária é uma fonte vital de rendimento. Ao longo dos últimos 20 anos, a população bovina no país aumentou 60%. Embora isso tenha melhorado a situação socioeconómica dos agricultores e das suas famílias, o forte crescimento também contribuiu para a degradação das pastagens, o que teve impacto na sua sustentabilidade.

“O número de animais está a crescer todos os anos e não há pastagens suficientes para acomodá-los. Já nem consigo ver algumas das pastagens que costumava ver em criança – têm vindo a degradar-se devido ao sobrepastoreio. Se não começarmos a concentrar-nos mais na qualidade do gado em vez da quantidade, corremos o risco de perder as nossas pastagens”, disse Kubanych Turganaliev, um criador de gado da aldeia de Gulcho, no Oblast de Osh.

Com financiamento do Governo da Suíça, a Fundação Aga Khan e a Helvetas Swiss Intercooperation têm vindo a trabalhar com as comunidades agrícolas das regiões de Alai e Chon-Alai, na República do Quirguistão, através do projeto Bai-Alai de apoio aos agricultores na transição para uma criação de menos vacas com melhor qualidade. O projeto oferece acesso a serviços de inseminação natural e artificial. Estes permitem aos agricultores produzir vacas mestiças, que têm um valor monetário mais alto e conseguem produzir mais leite do que as raças locais, fazendo assim aumentar as oportunidades de receitas.

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Kubanych Turganaliev está entre os 14 000 criadores de gado que o projeto Bai-Alai apoiou no remoto sul montanhoso do Quirguistão.
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AKDN

Em 2016, Kubanych começou a procurar formas de reduzir o número de animais e apurar a raça. Em 2018, trabalhou com um familiar noutro distrito e viu pela primeira vez os benefícios do cruzamento de diferentes raças de vacas. Kubanych descobriu que o seu familiar tinha usado inseminação artificial e ficou interessado em explorar a disponibilidade deste serviço na sua terra natal de Alai.

Encontrou-se com Bazarbay Begmatov, um veterinário que trabalhava com o projeto Bai-Alai, que inseminou artificialmente uma das quatro vacas de Kubanych. Apesar de ter algumas dúvidas sobre este novo método de procriação, o ceticismo de Kubanych desapareceu quando um ano mais tarde a sua vaca pariu um vitelo Aberdeen Angus mestiço. No ano seguinte, trabalhou com o projeto Bai-Alai para produzir mais três vitelos mestiços.

“De momento, tenho quatro vacas na minha quinta, e se ficar com duas vacas puras ou mestiças em vez de quatro, os custos de manutenção serão quase reduzidos para metade, mas os benefícios serão como se tivesse quatro vacas”, disse Kubanych.

Mamatova Gulbara, esposa de Kubanych, estava igualmente satisfeita com os resultados. “No ano passado, vendemos um vitelo Simmental mestiço de um ano pelo dobro do preço das raças locais. Temos agora uma novilha mestiça Brown Swiss de dois anos que será capaz de produzir 18 litros de leite por dia quando começar a ordenha, por oposição aos sete ou oito litros em média produzidos pelas raças locais. Quando ela parir, as vendas de leite irão levar a um aumento dos nossos lucros.”

De acordo com os dados recolhidos pelo projeto Bai-Alai, os vitelos mestiços pesam, em média, mais 90 kg do que os vitelos locais, aumentando consideravelmente o seu preço de venda. Em meados de 2021, o preço de venda do gado mestiço nos mercados locais de animais na República do Quirguistão foi de cerca de 600 dólares e o dos vitelos locais foi de cerca de 400 dólares.

Em última análise, o objetivo do projeto Bai-Alai passa por reduzir a pobreza nos distritos de Alai e Chon Alai através do aumento dos rendimentos e do emprego, em especial junto das mulheres e dos jovens, e o acesso aos serviços de inseminação é apenas uma vertente dos seus esforços. Desde o seu lançamento em 2013, o projeto já chegou a mais de 14 000 criadores de gado no remoto sul montanhoso da República do Quirguistão.

Saiba mais sobre o projeto Bai Alai neste vídeo:

O projeto Bai-Alai é financiado pelo Governo da Suíça através da Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (SDC) e implementado pela Helvetas Swiss Intercooperation (HELVETAS) e pela Fundação Aga Khan, através da sua filial, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento das Sociedades de Montanha (MSDSP). Este projeto faz parte da iniciativa mais alargada de desenvolvimento empresarial da AKF na Ásia Central que visa apoiar agricultores, produtores e proprietários de pequenas empresas a reforçar as suas cadeias de valor e encontrar soluções duradouras para os desafios locais.