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Seguindo os passos da sua mãe, Rosemary Waga tornou-se professora há 16 anos. No entanto, Waga, que ensina inglês numa escola primária pública em Mombaça, Quénia, só começou recentemente a perceber o impacto potencial que ela pode ter na carreira que escolheu. Ao longo dos últimos cinco anos, a sua sala de aula foi passando por uma metamorfose gradual: ela transformou os seus alunos de oito anos de um grupo de ouvintes passivos num grupo de crianças interessadas que gostam de debater acerca daquilo que estão a aprender.
Waga atribui esta mudança ao seu envolvimento com o Centro de Desenvolvimento Profissional (CDP) na Academia Aga Khan, em Mombaça. Através de um programa do CDP, ela teve contacto com métodos de ensino interativos que lhe permitiram mudar a dinâmica da sua sala de aula. Os seus alunos, mesmo aqueles que anteriormente tinham um pior aproveitamento na sala de aula, exibem hoje altos níveis de motivação académica. Hoje, Waga orienta outros professores que querem melhorar o seu estilo de ensino.
Até ao momento, os programas do CDP chegaram a 1688 professores nas áreas costeiras do Quénia e, através destes professores, a mais de 200 000 estudantes. Os programas - que visam aprofundar o número de professores bem formados na África Oriental - apresentam uma das formas que as Academias Aga Khan utilizam para conseguir elevar o padrão de educação nas comunidades vizinhas. Também estão a ser levados a cabo esforços semelhantes na Academia Aga Khan de Hyderabad, na Índia, e em Maputo, Moçambique, onde, em Agosto de 2013, abriu uma academia.
Em Mombaça, os programas do PDC são conduzidos em colaboração com o Ministério da Educação do Quénia, a Comissão de Serviço dos ProfessoresQuenianos, a Fundação Aga Khan da África Oriental, oDepartamento Britânico para o Desenvolvimento Internacional, e a Agência Canadiana de Desenvolvimento Internacional. Os programas oferecem oportunidades aos educadores para se concentrarem na aquisição de conteúdo temático, competências pedagógicas gerais, técnicas interativas de aprendizagem e metodologias de ensino centradas no aluno.
“A Academia não é o típico instituto privado que só se preocupa com as próprias necessidades, pois partilha os seus recursos e conhecimentos com aqueles que a rodeiam”, explicou Nafisa Shekhova, Gestora Regional do Programa de Educação da Fundação Aga Khan na África Oriental. Shekhova considera o PDC como algo único, devido aos seus esforços para fortalecer tanto o corpo docente da Academia como a capacidade das escolas e faculdades de formação de professores geridas pelo governo.
Embora o PDC tenha tido um forte impacto nos professores em Mombaça, as suas origens foram humildes. Começou como um pequeno programa para professores de inglês em 2009.
“Começámos com [um programa de inglês], mas vimo-nos perante um desafio, uma vez que os professores não tinham apoio quando voltavam às suas escolas”, explicou Anthony Gioko, vice-diretor para o Desenvolvimento Profissional e Proximidade da Academia Aga Khan em Mombaça. Para superar este desafio, o PDC em Mombaça introduziu um programa de desenvolvimento de liderança para Diretores de Escolas. Gioko e os seus colegas também iniciaram o desenvolvimento de programas de formação para outras áreas temáticas e começaram a pensar acerca da melhor forma de promover mudanças sustentáveis no sistema educacional.
À medida que os programas educacionais cresciam em Mombaça, crescia também a agenda dos PDC em todo o mundo.
“Acho que a principal lição que aprendemos foi que não podemos simplesmente trabalhar com um pequeno grupo de professores numa escola”, disse Rupen Chande, Gestor de Desenvolvimento dos PDC nas Academias Aga Khan. “Temos de trabalhar com o sistema que apoia os professores para que qualquer mudança seja duradoura.”
Isto significa colaborar com os Diretores de Escolas, bem como as instituições que regulam todo o sistema escolar. Para além de formar professores na melhoria dos seus métodos, os PDC dão formação a instrutores em faculdades de formação de professores e professores experientes como Waga para orientar os seus colegas. As Academias também procuram propiciar qualificações que sejam reconhecidas pelas instituições locais. Em Mombaça, a Academia negociou com o governo queniano para obter o reconhecimento formal dos certificados obtidos pelos graduados através dos PDC, de forma a garantir que os esforços dos participantes na obtenção do certificado são devidamente valorizados nas escolas do governo.
A Academia utiliza uma abordagem participativa na sua formação de professores. Incentiva os professores a colaborarem e a aconselharem-se entre si no sentido de resolverem os desafios com que se deparem. Para apoiar os seus esforços, os PDC construíram uma rede de associações de professores que se estende para além da Academia. Estas associações reúnem-se regularmente para discutir questões de pedagogia e quaisquer desafios que enfrentem.
Em algumas escolas do Quénia, os resultados do trabalho dos PDC foram nada menos do que transformadores.
“O principal sucesso do programa é a existência de um ambiente de aprendizagem enriquecido que é envolvente e inclusivo”, explicou Gioko.
De acordo com Waga, o foco dos PDC nas metodologias interativas contrasta com o que ela aprendeu no curso superior de formação de professores: “O normal nas escolas [no Quénia] é ver o professor a ensinar", explicou, “… [mas] quando os miúdos discutem e trabalham por eles mesmos, tornam-se melhores alunos."
Awena Said, Diretora da Escola Primária Central para Raparigas em Mombaça, afirmou que o uso de métodos de ensino interativos incentivou as alunas da sua escola a expressar as suas ideias com confiança e deixou-as mais entusiasmadas em relação à aprendizagem. Isso também motivou os professores a pedirem conselhos uns aos outros e a dedicarem mais energia ao planeamento das aulas.
"Sabe, quando [os professores] experimentam os novos métodos... e veem que as crianças estão a melhorar o seu desempenho, eles adotam esses métodos", disse Waga. “E, depois de os adotar, sentem a necessidade de partilhá-los com outros professores. Estão a espalhar-se por toda a parte." Esta difusão de conhecimento constitui uma forma essencial para as Academias influenciarem as suas comunidades vizinhas. Neste sentido, foi criado um PDC em Maputo, Moçambique em 2010, muito antes da abertura da Academia em Agosto de 2013. Para além de trabalhar com professores do governo na atualização do seu conjunto de competências, o PDC foi utilizado para identificar professores “estrelas” que pudessem receber formação para ministrar o programa da International Baccalaureate na Academia em Maputo. Enquanto isso, em Hyderabad, na Índia, a Academia está a ampliar as suas atividades de proximidade com a ajuda de um subsídio do governo de Andhra Pradesh, que identificou os formadores usados pelo sistema de ensino público no apoio aos professores na melhoria das suas competências.
“A visão da Academia é partilhar com as comunidades em seu redor tudo aquilo que possui no que a conhecimentos, competências e recursos diz respeito", explicou Chande. “O PDC, embora seja uma área separada da Academia, faz parte integrante da Academia.”