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Por John McNee, Secretário-Geral do Centro Global pelo Pluralismo
Para a maioria de nós, a diversidade é um facto da vida moderna. Quando é celebrada e apoiada, pode funcionar como uma base para a inovação, a paz e a prosperidade.
À medida que a desigualdade, a exclusão social e um crescente coro de líderes populistas que colocam certos grupos em conflito, precisamos, hoje mais do que nunca, de respostas construtivas à diversidade. Precisamos das instituições e da vontade popular para abraçar a diferença como uma força do bem, em vez de algo a temer. Isto é aquilo que no Centro Global pelo Pluralismo (GCP) definimos como o “hardware” e o “software” do pluralismo.
O pluralismo é uma ideia desafiante de explicar: talvez seja mais bem compreendida quando a virmos na prática. É por isso que o GCP lançou os Prémios Globais de Pluralismo - apresentado há dois anos -, que distingue indivíduos e organizações cujo trabalho abre caminho para sociedades mais inclusivas. Para além de atribuir 50.000 dólares canadianos (cerca de 34.000 euros) a cada vencedor, o Centro trabalha com eles para aumentar a sua visibilidade e expandir o seu alcance.
Em 2017, a edição inaugural dos Prémios distinguiu três vencedores e sete outros dignos de menção honrosa. Através dos seus esforços contínuos, e com o financiamento e reconhecimento conferidos pelo Prémio, estes três vencedores fizeram uma diferença palpável no ano passado.
Na Colômbia, o defensor dos direitos das vítimas, Leyner Palacios Asprilla, mostrou-nos que o pluralismo significa assegurar que todas as vítimas da guerra, incluindo grupos étnicos marginalizados, alcancem a paz e sejam indemnizados. Leyner trabalhou com a sua comunidade para reconstruir a dizimada Igreja da Bella Vista - local onde ocorreu o infame massacre de Bojayá - como um centro comunitário de formação dedicado à paz e ao pluralismo. Leyner foi nomeado para o Secretariado da Comissão Interétnica da Verdade do Pacífico da Colômbia, que representa mais de 100 comunidades étnicas.
Na Austrália, Daniel Webb e os colegas do Centro Jurídico dos Direitos Humanos (HRLC) demonstraram que o pluralismo significa que os direitos e a dignidade dos requerentes de asilo devem ser defendidos. Em 2018, a sua campanha contra a detenção desumana de refugiados nas ilhas de Manus e Nauru concentrou-se na separação das famílias, conseguindo atenção nacional e global através da divulgação nos meios de comunicação. No The Washington Post, Daniel chamou a atenção para a "síndrome da resignação" entre as crianças detidas, uma condição semelhante ao coma que está ligada ao trauma. Os processos judiciais levados à Justiça Federal em Setembro de 2018 garantiram a retirada médica de 160 pessoas, incluindo 43 crianças. Desde então, as famílias separadas reuniram-se na Austrália.
Em países africanos divididos por conflitos, Alice Wairimu Nderitu ensinou-nos que o pluralismo significa as mulheres desempenharem um papel significativo como mediadoras, e todas as etnias locais devem ser acolhidas no processo de paz. Em 2018, ela desenvolveu um manual para mediadoras comunitárias que ajuda as partes em conflito a respeitar as suas diferenças como um passo crucial para a paz. Com o apoio do Centro, 20 mulheres de seis países africanos juntaram-se a especialistas e académicos internacionais para formarem uma opinião acerca do esboço do manual. Para levar a sua mensagem de pacificação inclusiva a um público maior, organizámos o lançamento canadiano do livro de Alice, Superar Divisões Étnicas e Construir a Paz: A Experiência de uma Comissária na Coesão e Integração. Em Julho do ano passado, deu uma palestra aos chefes de Estado presentes na 31.ª Cimeira da União Africana sobre o tema do pluralismo como uma resposta ao etnicismo.
O Centro aguarda com expetativa uma segunda edição dos Prémios Globais de Pluralismo em Novembro. O nosso convite à apresentação de candidaturas em Março de 2018 teve uma resposta surpreendentes com 538 inscritos de 74 países ─ mais do dobro do primeiro ciclo dos Prémios. Depois de muitas rondas de auditoria e deliberação do júri, foram anunciados 10 finalistas em Junho.
Os Prémios são apenas um fator que sustenta os esforços incansáveis destes indivíduos e organizações inspiradores. Mas com os muros e as prisões a serem cada vez mais propostos como soluções para os problemas complexos que a humanidade enfrenta, precisamos de parar e celebrar o trabalho de quem nos mostra que é possível fazer as coisas de uma maneira melhor.
John McNee, Secretário-Geral do GCP desde 2011, foi Representante Permanente do Canadá nas Nações Unidas em Nova Iorque entre 2006 e 2011. Diplomata de carreira, serviu anteriormente como embaixador do Canadá na Bélgica, Luxemburgo, Síria e Líbano e como representante do Canadá no Conselho da Europa.
Fundado em Ottawa por Sua Alteza o Aga Khan, em parceria com o Governo do Canadá, o Centro Global pelo Pluralismo é uma organização independente de caridade que promove respostas positivas ao desafio de vivermos juntos em paz e produtivamente em sociedades diversificadas.