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Em Abril de 2012, durante aquele que foi talvez o período mais difícil da sua vida, Hassan Kassim pensou em abandonar o programa no qual se tinha acabado de matricular na Escola de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Aga Khan (AKU-SONAM). A sua esposa acabara de morrer enquanto dava à luz trigémeos prematuros no Coast General Hospital. Pouco tempo depois, um dos trigémeos também faleceu.
“Os bebés nasceram demasiado cedo... com cerca de sete meses. Infelizmente, apesar de ter sido um parto natural, a minha esposa teve complicações e morreu”, recorda num semblante de dor.
“Estava na primeira semana da minha formação na Universidade Aga Khan, onde estava a melhorar os meus estudos para me tornar um Enfermeiro Registado, e tive de sair e levar o corpo de minha esposa para o interior e tratar dos preparativos para o funeral - tendo ao mesmo tempo de olhar pelos meus outros filhos e pelos recém-nascidos. Foi um tempo emocional, financeira e fisicamente desgastante. Os professores da Universidade Aga Khan fizeram de tudo para me encorajar a voltar e a continuar com as aulas. Um deles até enviou uma pessoa para me acompanhar no meu regresso do interior para Nairobi. Antes dos exames, os professores ajudavam-me com uma formação individual com base nas necessidades exclusivas de um aluno. Isso facilitou-me bastante toda a experiência”, explica.
Ele também está agradecido por ter recebido uma bolsa da Universidade que o ajudou a cobrir metade das propinas. "Sem essa ajuda", diz, "não teria tido condições de pagar, principalmente porque tinha filhos no ensino secundário."
Ao olhar para trás, fica contente por ter perseverado e se ter formado em 2014. Ele acredita que a sua formação na AKU-SONAM foi fundamental para assegurar o seu posto atual de Enfermeiro Responsável pelo Serviço de Ambulatório de Magodzoni, no condado de Kwale.
“Fui promovido de Enfermeiro Assistente do Serviço de Ambulatório de Waa para Enfermeiro Responsável pelo Serviço de Ambulatório de Magodzoni, logo após a minha licenciatura”, diz, cheio de orgulho. Com a gestão de Hassan, o serviço de ambulatório está limpo e bem conservado. Os pacientes, a maioria mulheres grávidas e mães com bebés de colo, com vestes tradicionais, esperam pacientemente ao ar livre.
Num dia, o serviço atende aproximadamente 80 pacientes. Está disponível uma vasta gama de serviços, incluindo maternidade, assistência pré-natal e pós-natal, clínicas para bebés, planeamento familiar, rastreamento de cancro, testes e tratamentos da malária, tratamento do VIH e tratamento da tuberculose. Para além de atender os pacientes, as funções de Hassan também incluem a gestão financeira e contabilidade, a manutenção dos registos e relatórios e chefia geral dos seus colegas.
O seu estilo de gestão é firme, mas amigável. “Incluo toda a gente, mesmo o pessoal de apoio e os técnicos. Trabalhamos como amigos num ambiente aberto e com um objetivo comum de servir melhor os nossos pacientes.”
De quando em vez, Hassan tem de gerir o serviço sozinho. “Há dias em que tenho de fazer tudo sozinho, o que pode ser bastante assoberbante. Atualmente, já temos falta de pessoal e com tendência a ficar sobrecarregados de trabalho. Este é um dos problemas com que me deparo e já solicitei mais pessoal ao governo do condado.”
Hassan dedica-se verdadeiramente ao seu trabalho, e apesar dos inúmeros desafios, continua a ser um agente de mudança neste pequeno serviço de ambulatório rural.
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Esta história apareceu pela primeira vez numa colecção de ensaios fotográficos publicado pela Universidade Aga Khan Nurses and Midwives - Leaders in Healthcare in East Africa.