Bismillah-ir Rahman ir Rahim
Sua Excelência Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa,
Sua Alteza o Aga Khan,
Sra. Ministra da Saúde, Marta Temido,
Sra. Presidente dos Hospitais Centrais de Lisboa, Rosa Valente Matos,
Representante Diplomático do Imamat Ismaili na República Portuguesa, Comendador Nazim Ahmad,
Membro da Delegação Portuguesa no Comité Conjunto do Acordo da Sede, Sr. João Pedro Antunes,
Líderes da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e do Imamat Ismaili,
Ilustres convidados,
Em nome de Sua Alteza, o Aga Khan, gostaria de dar-vos as boas-vindas a esta cerimónia de inauguração.
Sentimo-nos particularmente honrados por Sua Excelência o Presidente se ter juntado a nós nesta ocasião especial. Obrigado, Sua Excelência, não apenas pela sua presença, mas pela calorosa receção e pela parceria que a República Portuguesa estabeleceu com o Imamat Ismaili.
Estamos hoje aqui para comemorar um marco assinalável a relação entre o Imamat Ismaili e a República Portuguesa: a doação, por parte do Imamat Ismaili, de um sistema cirúrgico Da Vinci ao Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, que será instalado aqui no Hospital Curry Cabral. Trata-se de tecnologia de ponta assistida por robótica direcionada para executar procedimentos cirúrgicos de precisão com um mínimo de invasão. É o primeiro sistema deste género num hospital público em Portugal, que está agora disponível para beneficiar toda a população do país.
Ainda que esta seja uma tecnologia avançada e complicada, o seu impacto é simples: irá expandir o acesso a cuidados cirúrgicos de alta qualidade por parte de portugueses que sofram de uma variedade de patologias, ajudando a garantir que estes possam levar uma vida saudável. Como tal, irá ter um impacto positivo em milhares de indivíduos e nos seus entes queridos. Vale realmente a pena comemorar, e ansiamos poder observar o impacto positivo desta tecnologia na qualidade de vida através de uma melhoria na resolução de procedimentos cirúrgicos complicados.
A doação do sistema Da Vinci é mais uma prova do vínculo fortalecido entre o Imamat Ismaili e a República Portuguesa, e do seu compromisso conjunto de melhorar a qualidade de vida em Portugal, nos países de língua portuguesa em África e mais além.
A relação entre Portugal e o Imamat Ismaili é antiga. Todos recordamos a forma como este país recebeu os ismailis que deixaram Moçambique na década de 1970. E desde o generoso convite por parte do governo para estabelecer a sede do Imamat Ismaili aqui em Lisboa em 2015 que esta ligação tem vindo constantemente a crescer e aprofundar-se.
Por exemplo, a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia de Portugal estabeleceram uma parceria na criação da Iniciativa Conhecimento para o Desenvolvimento. No âmbito desta iniciativa, existem investigadores em Portugal, nos países africanos de língua portuguesa e nas agências do Rede Aga Khan para o Desenvolvimento a trabalhar para desenvolver soluções para os desafios cruciais com que África se debate. Numa primeira fase, foi concedido financiamento a 16 projetos de investigação em áreas que variam desde o desenvolvimento de culturas que possam adaptar-se às alterações climáticas até à compreensão dos níveis crescentes de resistência aos medicamentos por parte dos vírus de VIH, malária e tuberculose.
Hoje, estamos a testemunhar um dos primeiros frutos da parceria entre a Universidade Aga Khan e o Ministério da Saúde, uma outra vertente da nossa forte relação.
Para quem não conhece a Universidade Aga Khan - ou a AKU, como nos intitulamos -, esta foi fundada em 1983 pelo nosso Chanceler, Sua Alteza o Aga Khan. Fomos a primeira universidade privada e sem fins lucrativos do Paquistão. Hoje temos polos universitários, programas e hospitais no Quénia, Tanzânia, Uganda, Afeganistão e Reino Unido.
A Universidade Aga Khan foi recentemente considerada uma das 100 melhores universidades do mundo em medicina clínica pelo Ranking de Xangai de Universidades Mundiais - a única universidade na Ásia a receber esta distinção. Em 2019, a Universidade Aga Khan e as suas agências parceiras da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento trataram mais de 6 milhões de pacientes, muitos dos quais em hospitais e clínicas credenciadas por organizações americanas como a Joint Commission International e o College of American Pathologists. Quem está no ramo da saúde sabe que estes são os padrões de excelência.
Como presidente da Universidade, tenho o prazer de agradecer à ministra Marta Temido e ao seu antecessor, o professor Adalberto Campos Fernandes - que tenho o prazer de ver aqui hoje - por terem recebido a AKU como parceira. Foi o professor Fernandes e o ilustre e recém-aposentado diretor cirúrgico do Curry Cabral, o professor Eduardo Barroso, que identificaram a enorme necessidade de um robô cirúrgico no hospital público de referência nacional - o que levou a esta generosa doação que celebramos hoje, e que foi finalizada com a ministra Marta Temido.
A relação entre a AKU e o Ministério é promissora. O nosso Memorando de Entendimento prevê colaborações mutuamente benéficas na gestão da sala de operações, atendimento de emergência, análise de dados, investigação e em muitas outras áreas.
Quando o professor Eduardo Barroso visitou o polo da AKU em Karachi, propôs uma colaboração em especialidades cirúrgicas, incluindo procedimentos assistidos por robôs. Com o apoio do professor Barroso e da sua equipa, a AKU está a trabalhar para iniciar operações de transplante de fígado nos nossos hospitais em Karachi e Nairobi. Isto traria um grande benefício para a população do Paquistão e da África Oriental.
Ao mesmo tempo, a Universidade Aga Khan está a apoiar as escolas portuguesas de medicina a desenvolver a sua capacidade de formar médicos e enfermeiros usando ferramentas de simulação e realidade virtual de última geração. Como a delegação do Ministério da Saúde pôde testemunhar durante uma visita à Universidade Aga Khan, o nosso Centro de Inovação em Educação Médica é inigualável nesta área.
E existem ainda mais ligações entre as instituições portuguesas e as instituições do Imamat Ismaili. A Universidade Aga Khan tem parcerias ativas atualmente com a Universidade Católica de Portugal e a Universidade NOVA de Lisboa. Em Junho deste ano, a AKU e a NOVA coorganizaram um simpósio internacional em Lisboa sobre a ética da investigação com células estaminais e da medicina regenerativa, que é a próxima fase do avanço da medicina. Este evento reuniu especialistas de sete países e diferentes religiões para debater as questões mais recentes nesta área em rápido crescimento, e para estabelecer as bases para ajudar os países com baixos rendimentos a desenvolver as suas próprias estruturas legais e legislativas baseadas na ética destas novas descobertas.
A Universidade Aga Khan e a Católica estão a trabalhar em conjunto para criar uma base de dados online com dezenas de milhares de documentos no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa - documentos que abrangem a atividade portuguesa na região do Oceano Índico do século XVI ao XIX. É um projeto empolgante que permitirá que académicos de todo o mundo aumentem a nossa compreensão acerca de séculos de interação transcultural e do alcance e influência de Portugal na História.
Tenho o prazer de dizer que a AKU tem igualmente relações em crescimento com a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Champalimaud. No final de contas, o que torna possível estas parcerias são os valores que todos temos em comum.
Como evidencia a doação que estamos hoje a comemorar, todos acreditamos que todas as pessoas devem ter acesso a cuidados de saúde de exceção, independentemente do local onde nasceram ou dos seus recursos financeiros. É esta a visão do nosso Chanceler, de garantir que o acesso a cuidados de saúde da mais alta qualidade esteja disponível para todos, independentemente da sua origem ou da sua condição financeira.
Deste modo, qualquer pessoa que viva em Portugal, Moçambique, Quénia ou Paquistão - seja paciente de um hospital público ou de um hospital privado - deve poder beneficiar dos mais modernos diagnósticos, tratamentos e tecnologias.
Todos nós acreditamos no poder da parceria na melhoria da vida das pessoas e do impacto positivo que tem nas instituições e sociedades. As parcerias são uma estrada com dois sentidos. Ambas as partes devem contribuir e alimentá-las. Os benefícios recíprocos decorrem de um compromisso coletivo em matéria de tempo, financiamento, conhecimento, experiência ou equipamento. A doação do sistema Da Vinci reflete o nosso compromisso para com a parceria entre o Imamat Ismaili e as suas instituições e Portugal.
Esta doação é feita no espírito de todas as verdadeiras dádivas - em reconhecimento de tudo o que possamos já ter recebido e em reconhecimento de tudo o que iremos obter, de coração cheio e com um sentimento de gratidão. E uma doação feita igualmente com otimismo em relação ao futuro e à nossa capacidade coletiva de moldá-lo para melhor.
Muito obrigado.