Está aqui

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  • Sua Alteza o Aga Khan aborda a audiência reunida para a inauguração do viveiro de Sunder, parte da Iniciativa de Renovação Urbana Nizamuddin.
    AKDN/ Shamsh Maredia
Inauguração do Viveiro de Sunder, em Nova Deli

Bismillah-ir-Rahman-ir-Rahim

Honorável Vice-Presidente da Índia,
Vice-Governador da Capital Nacional de Deli,
Honorável Ministro de Estado dos Assuntos Parlamentares,
Secretário do Ministério da Habitação e dos Assuntos Urbanos,
Suas Excelências,
Ilustres Convidados,

Estou profundamente honrado - e muito feliz - por estar hoje aqui convosco nesta cerimónia. Há muitos anos que venho seguindo o projeto do Viveiro de Sunder com grande interesse - no mínimo desde o ano 2000, altura em que o Fundo Aga Khan para a Cultura iniciou a restauração dos Jardins do Túmulo de Humayun, bem aqui ao lado.

Também me lembro do dia em que, há dez anos, assinámos - com o Governo da Índia e as suas agências - a Parceria Público-Privada que promoveu de forma efetiva este grande complexo cultural. Assinámos esse acordo em 2007 e a nossa parceria ao longo dos últimos dez anos tem sido extraordinária. 

Expressamos hoje a nossa mais profunda gratidão a todos os nossos parceiros - incluindo o Ministério de Habitação e Assuntos Urbanos, o Departamento Central de Obras Públicas e o Observatório Arqueológico da Índia, assim como o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega e a Embaixada dos EUA através do Fundo dos Embaixadores dos EUA para a Preservação Cultural. Da mesma forma, as centenas de artesãos - escultores de pedra, estucadores, pedreiros e jardineiros - merecem o nosso mais profundo apreço e reconhecimento.

E também gostaria de louvar a memória do falecido professor M. Shaheer - que infelizmente já não está entre nós. O professor Shaheer trabalhou com o Fundo Aga Khan para a Cultura durante 18 anos. Ele foi o arquiteto paisagista do nosso projeto aqui no Túmulo de Humayun, assim como de restaurações em Cabul e em Hyderabad. A sua contribuição para o projeto do Viveiro de Sunder foi enorme - desde o plano-mestre original até aos desenhos detalhados. Recordamo-lo hoje com gratidão, ao observarmos os resultados da sua planificação.

O solo que pisamos é há muito tempo um ponto central da história cultural. Foi há quase sete séculos, por exemplo, que o Santo Sufi, Nizamuddin Auliya, percorreu estes caminhos e partilhou os seus ensinamentos de amor universal. Essa mesma mensagem de tolerância e humanidade não demoraria a servir de inspiração ao esplêndido império mogol - que também esteve concentrado aqui - sendo que a sua Estrada Principal (Grand Trunk Road) atravessava este mesmo terreno. A partir daí, houve um período em que cerca de um quarto da população mundial foi governada de acordo com um espírito excecionalmente pluralista e harmonioso.

É neste mesmo espírito de harmonia universal que inauguramos hoje estes jardins. Pois tem sido o Jardim que, muitas vezes ao longo da história, tem simbolizado a interação harmoniosa entre a Bênção Divina e a Criatividade Humana. 

Esta fusão das Dádivas da Natureza com o Desígnio Humano é um ideal que está profundamente enraizado, obviamente, tanto na cultura indiana como nas tradições islâmicas, com o fluxo de água refrescante a fazer-nos recordar a abundância da Bênção Divina.

O Viveiro de Sunder expressou esses mesmos valores quando foi aqui criado há quase um século, em 1924. O próprio nome, Sunder, tem as suas raízes no antigo sânscrito, - frequentemente descrita como a língua mais antiga do mundo - no qual "Sunder" significa simplesmente "lindo".

O propósito do Viveiro de Sunder, há um século, passava por reunir as mais belas espécies de plantas de todos os cantos do Império Britânico - para depois partilhá-las com a cidade de Nova Deli, que se vinha desenvolvendo a um ritmo elevado. 

Mas mesmo quando refletimos acerca dessas ricas tradições ricas, temos a noção de que foram algumas vezes negligenciadas. Sob a pressão de populações em expansão e de orçamentos cada vez mais pequenos, tem-se observado com muita frequência edifícios sobrelotados a serem comprimidos em espaços densos - ignorando a importância dos espaços verdes em paisagens urbanas saudáveis. Certas pessoas consideram que os espaços abertos são improdutivos - ou mesmo inúteis - ignorando o seu potencial estético, recreativo e económico - enquanto catalisadores do turismo, da educação, do desenvolvimento comunitário e do desporto. 

A restauração, criação e revitalização de lindos espaços verdes tem sido um dos principais objetivos do Fundo Aga Khan para a Cultura nos últimos anos - com dez projetos de sucesso assinalável em lugares que vão do Cairo a Zanzibar, de Toronto a Cabul, de Dushanbe no Tajiquistão a Bamako no Mali - e, claro, aqui na Índia. 

Todos estes projetos foram desenhados para honrar o passado - ao mesmo tempo que estimulam o futuro. E é com o futuro em mente que hoje inauguramos o Viveiro de Sunder como um dos maiores parques públicos do mundo - aberto a todos para o lazer, contemplação, educação e inspiração. 

Pensem no lugar animado e dinâmico que virá a tornar-se nos próximos dias e anos. Já nos foi comunicado que uma grande variedade de pássaros e borboletas já fizeram deste espaço restaurado a sua nova casa. E em breve irão ter a companhia de crianças em idade escolar que virão cá para experienciar uma variedade de novos micro-habitats, de cientistas a desenvolver as suas investigações ecológicas, de artistas que se reúnem com o público no maravilhoso anfiteatro do Jardim, de historiadores e outros visitantes que irão interagir com dezenas de monumentos históricos preservados.

Ao pensarmos neste futuro vigoroso, temos também uma certeza: o nosso planeamento económico fará com que o Viveiro de Sunder seja uma entidade autossustentável.

Será verdadeiramente um presente do passado que continuará a dar frutos durante muito tempo no futuro. 

Obrigado.