Os Serviços Aga Khan para a Saúde da Tanzânia (AKHST) foram certificados como Centro Internacional de Formação (ITC) da Associação Americana do Coração (AHA) - o mais alto estatuto que um centro de formação pode obter e um incremento face ao sucesso do ano passado quando se tornou um Local de Formação da Associação Americana do Coração (AHA).
Existem apenas duas instituições na África Oriental, ambas na Tanzânia, que foram certificadas como Centros Internacionais de Formação este ano. Isto irá permitir que os AKHST formem os profissionais com competências de emergência e criem locais de formação internacionais que cheguem a uma fatia maior da população. A Reanimação Cardiopulmonar (RCP) é um procedimento de emergência para salvar vidas, realizado quando o coração para de bater.
A Dra. Sherin A. Kassamali, Diretora do Serviço de Acidentes & Emergências do Hospital Aga Khan de Dar es Salaam, disse: “A paragem cardíaca súbita pode ocorrer em qualquer lugar, a qualquer momento, a qualquer pessoa. Nos EUA, segundo a Associação Americana do Coração, cerca de 90% das pessoas que sofrem uma paragem cardíaca fora do hospital morrem. A RCP, especialmente se for realizada imediatamente após uma paragem cardíaca, pode duplicar ou triplicar as hipóteses de sobrevivência de uma pessoa.
“Entre os profissionais de saúde da Tanzânia, o conhecimento e as competências de reanimação cardiopulmonar ainda são baixos e inconsistentes. Uma vez que estas competências não são ensinadas de forma regular em todas as escolas de medicina e enfermagem, não são tidas como obrigatórias e, deste modo, se não forem praticadas regularmente, estas competências podem ser esquecidas. Um estudo recente feito pela equipa do Dr. Kaihula num hospital universitário público na Tanzânia mostrou que 'O nível de conhecimento e competências de reanimação cardiopulmonar ainda é baixo, com valores médios abaixo de 50% entre os profissionais de saúde de diferentes grupos e departamentos, apesar de haverem mencionado já ter realizado RCP no passado'. Isto mostra a necessidade de ter centros de formação com cursos de curta duração disponíveis regularmente, que possam ensinar estas competências de emergência aos profissionais de saúde e à população em geral.
“Saber o que fazer e como fazê-lo corretamente é meio caminho andado. A outra metade é ter as infraestruturas e os sistemas instalados, disponibilidade de equipamentos e conhecimentos, acessibilidade a unidades de saúde que possam dar apoio aos pacientes após uma paragem cardíaca, cateterismo cardíaco em tempo útil, Unidades de Cuidados Intensivos para tratamento e monitorização contínuos para melhorar os resultados e aumentar as hipóteses de sobrevivência até à alta do hospital.
“No Hospital Aga Khan, temos a sorte de ter estas infraestruturas integradas nos elos de sobrevivência: Monitorização para Deteção Precoce, equipes de código azul para RCP, carrinhos acessíveis com desfibriladores, laboratório de cateterismo cardíaco, unidade de cuidados intensivos e especialistas nas áreas de tratamento e apoio para ajudar a melhorar as hipóteses de sobrevivência.”
No ano passado, onze funcionários dos AKHST foram submetidos a um processo de certificação para se tornarem instrutores de Suporte Básico de Vida (SBV) da AHA, de Defesa do Coração e Primeiros-Socorros. O SBV é ensinado a profissionais de saúde, e consiste em saber reconhecer uma paragem cardíaca, realizar compressões torácicas de boa qualidade, respiração assistida e usar um desfibrilador eletrónico automático (DEA). Os cursos de Defesa do Coração e Primeiros-Socorros podem ser realizados por qualquer pessoa da comunidade que queira aprender as noções básicas para poder salvar uma vida e saber o que fazer durante uma emergência.
Este ano, sete destes formadores obtiveram o certificado e tornaram-se instrutores de Suporte Avançado de Vida em Insuficiência Cardíaca (ACLS) e Suporte Avançado de Vida Pediátrico (PALS). Os cursos avançados são de dois dias cada e destinam-se a profissionais de saúde e baseiam-se e integram o Suporte Básico de Vida com intervenções mais avançadas.
O Centro de Formação já ensinou a mais de 450 médicos, enfermeiros, assistentes de saúde, porteiros, técnicos cirúrgicos, de farmácia e odontológicos, polícias, professores de escolas primárias e secundárias, e até mesmo seguranças as noções básicas para poderem salvar uma vida. Cerca de cem médicos e enfermeiros das Unidades de Cuidados Intensivos, Urgências, Pediatria e Medicina já fizeram os dois cursos intensivos avançados.
O objetivo do Centro de Formação passa por difundir estas competências capazes de salvar vidas para lá do sistema dos AKHST e por toda a África Oriental, para melhorar os índices de sobrevivência em toda a região.