A Universidade Aga Khan e os seus parceiros realizaram o maior Estudo Nacional de Nutrição do Paquistão, com o objetivo de fornecer aos decisores políticos, gestores de programas e académicos um conjunto único de dados relacionados com a nutrição, os quais estão a gerar conhecimento a nível ambiental, antropométrico e bioquímico.
O nanismo continua a ser um dos principais problemas no Paquistão, afetando quatro em cada dez crianças com menos de cinco anos, de acordo com o Estudo Nacional de Nutrição (ENS) de 2018. Isto significa que até 12 milhões de crianças em todo o país apresentam um crescimento deficitário.
O ENS mais recente é o quinto estudo do género desde 1965, mas é o primeiro a apresentar informações ao nível distrital, permitindo que os intervenientes identifiquem as áreas com os maiores problemas de segurança alimentar e nutrição.
Cerca de 40% das crianças com menos de cinco anos no Paquistão sofrem de nanismo ou são muito baixas para a idade, e o número é significativamente maior em certas zonas. Por exemplo, na recente união de distritos na província de Khyber Pakhtunkhwa (KP-NMD), mais de 48% das crianças sofrem de nanismo. Da mesma forma, certas partes de Sinde, Baluchistão e Gilgit-Baltistão apresentam valores impressionantes de nanismo, acima da média nacional, ao passo que o Território da Capital Islamabad obtém melhores resultados, com uma prevalência de nanismo de 32,6%.
Para além do nanismo, a subnutrição aguda está também presente na forma de atrofia - ser muito magro para a altura - registando níveis recorde de atrofia. Sinde e KP-NMD têm os níveis mais altos de atrofia, com 23,3% e 23,1% respectivamente, muito acima dos 9,4% em Gilgit-Baltistão e dos 12,1% no Território da Capital Islamabad.
As amostras nacionais, provinciais e distritais registaram o estado de saúde de 76.742 crianças menores de cinco anos, 145.847 adolescentes e 145 324 mulheres em idade reprodutiva. O estudo, que abrangeu 115.600 famílias, utilizou um modelo de pesquisa transversal e uma abordagem de métodos mistos que combina métodos qualitativos e quantitativos para recolher os dados.
Por fim, os dados foram classificados por localidades urbanas e rurais e divididos por género, permitindo aos investigadores avaliar factores relacionados com as desigualdades geográficas e de género.
O estudo constatou que apesar de, no geral, existirem poucas diferenças ao nível do género na subnutrição, os problemas nutricionais entre as raparigas aparecem aos cinco anos.
As tendências globais também variam conforme a faixa etária. Embora exista um alta prevalência de subnutrição em crianças com menos de cinco anos, nota-se uma proporção crescente de obesidade e excesso de peso em adolescentes de ambos os sexos, entre os 10 e os 19 anos.
Apesar de as crianças em áreas urbanas sofrerem mais de atrofia e nanismo do que as crianças de zonas rurais, a questão geográfica não revelou impacto em relação ao excesso de peso. Em comparação com os resultados do último estudo, a prevalência de indivíduos com excesso de peso quase duplicou em sete anos.
No Estudo Nacional de Nutrição de 2018, pela primeira vez, foram recolhidos dados sobre a qualidade da água. Foram analisadas mais de 31.828 amostras de água em todo o país. O estudo constatou que 58% do abastecimento de água doméstica está contaminado com bactérias coliformes, enquanto 36% dos paquistaneses usam água contaminada com a bactéria E. coli, que está associada com fezes humanas e animais.
O ENS 2018, o maior estudo nacional realizado no Paquistão, começou como uma colaboração conjunta entre o Ministério Nacional dos Serviços, Regulamentos e Coordenação de Saúde, a Universidade Aga Khan e o Fundo Internacional de Emergência para as Crianças das Nações Unidas.