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  • Investigadores da Universidade Aga Khan e da Universidade da Colúmbia Britânica com especialistas em saúde e telecomunicações digitais colaboraram para desenvolver uma série de campanhas para telemóvel contendo mensagens acerca da vacinação direcionada.
    AKU
Universidade Aga Khan
Aumentar a cobertura da vacinação através de SMS personalizadas

Os resultados de um ensaio controlado aleatório de mais de 3300 famílias nas zonas rurais e urbanas de Sinde, no Paquistão, realçaram a utilidade das campanhas através de SMS e voz - direcionadas a pais e cuidadores de crianças - no aumento da cobertura da vacinação em áreas carenciadas.

Isto revela-se particularmente importante em lugares como Sinde, que possui uma das menores taxas de vacinação de rotina no Paquistão. Sete em cada dez crianças correm o risco de contrair doenças evitáveis e muitas vezes fatais, como difteria, tosse convulsa e hepatite B.

No entanto, uma vez que 97% da população da província possui telemóvel, as mensagens de texto e voz representam um meio acessível e de baixo custo para promover o acesso a vacinas capazes de salvar vidas, em conformidade com as metas do Objetivo 3 dos objetivos de desenvolvimento sustentável.

“A maioria dos estudos acerca do uso de mensagens de telemóvel para a promoção da consciencialização para a saúde analisou o valor dos alertas de texto e das mensagens educacionais”, disse Momin Kazi, professor assistente de saúde pediátrica na AKU. “O nosso estudo deu origem a novas ideias acerca do valor das mensagens de voz, um meio inovador para a consciencialização para a saúde. As conclusões do estudo são particularmente úteis em contextos nos quais a alfabetização é um problema, em que há uma variedade de línguas e dialetos locais ou em que os utentes têm problemas em usar as SMS.”

O estudo Paigham-e-Sehat (“mensagem de saúde”) levou a uma colaboração de investigadores da Universidade Aga Khan e da Universidade da Colúmbia Britânica com especialistas em saúde e telecomunicações digitais para desenvolver uma série de campanhas para telemóvel contendo mensagens acerca da vacinação direcionadas para o público rural e urbano da província.

O estudo constatou que as mensagens automatizadas, enviadas através de um sistema interativo de resposta por voz (IVR), proporcionaram um aumento de 26% na cobertura de vacinação, um valor substancialmente superior a três outras intervenções do género e a um grupo de controlo, o qual não revelou um aumento estatisticamente significativo ao nível da aceitação da vacinação.

Os conhecimentos adquiridos localmente foram incorporados na conceção do estudo com a ajuda de grupos de referência. Os grupos de referência mostraram que o sindi era a língua de escolha para os cidadãos do interior de Sinde, ao passo que as mensagens de texto em urdu romano (urdu escrito em alfabeto latino) seriam mais eficazes para os habitantes de Karachi. Dado que apenas um quinto de todas as famílias inscritas no estudo tinham acesso a um smartphone, as mensagens de texto foram escritas para serem acessíveis a telemóveis mais simples.

As mensagens de saúde também tiveram em conta as perspetivas locais para criar conteúdos mais eficazes para o público. Estes variaram desde informações acerca dos benefícios para a saúde das vacinas a considerações religiosas (as vacinas são obrigatórias para quem realiza o Hajj e a Umrah) e avisos sobre os efeitos adversos de evitar a vacinação.

Estas mensagens foram depois enviadas através de quatro meios diferentes para permitir avaliar quais aqueles mais eficazes no aumento do interesse pela vacinação de rotina. Os participantes no estudo foram divididos nas seguintes unidades de intervenção, que receberam:

  • Uma série unidirecional de SMS com informações acerca dos benefícios da vacinação.
  • Uma sequência interativa de SMS que permitiam ao utente responder à mensagem para obter mais informações.
  • Um conjunto unidirecional de chamadas automáticas em que o utente ouve uma mensagem de voz pré-gravada após atender uma chamada.
  • Um sistema interativo de resposta por voz (IVR), semelhante às linhas de apoio ao cliente, que permite ao utente selecionar opções para obter mais informações após atender uma chamada.

Uma aplicação online, o portal Paigham e Sehat, desenvolvido pelo Centro de Recursos Digitais de Saúde da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, que permitiu à equipa de investigação monitorizar a resposta a cada intervenção. Os trabalhadores no terreno também fizeram a verificação da vacinação em bebés na fase das 14 semanas através de chamadas de acompanhamento e uma visita por altura das 20 semanas.

Os investigadores observaram que as intervenções por SMS levantaram uma série de problemas, desde utentes que se queixaram de nunca ter recebido as mensagens à questão das SMS 'se perderem' entre mensagens de amigos e entidades comerciais. Outro problema observado nas áreas rurais prende-se com o facto de um único telefone ser partilhado entre vários familiares e membros da comunidade. Isto significava que, mesmo que a SMS fosse lida, esta muitas vezes não chegava ao cuidador da criança. Os investigadores constataram que o IVR ofereceu outra vantagem ao nível das SMS, uma vez que os dados ficavam disponíveis durante o número de segundos que uma pessoa estivesse a interagir com uma mensagem.

No geral, as mensagens de voz revelaram-se mais apelativas, com um dos participantes de Karachi a dizer: “As chamadas automatizadas são melhores que as SMS, as pessoas estão ocupadas no trabalho e não leem SMS. As chamadas são melhores.”

Este estudo foi financiado por uma subsídio Rising Star da Grand Challenges Canada e um subsídio de formação do Centro Internacional Fogarty do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.