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Aos 22 anos, Dilshodbegim Khisravova é líder de uma Equipa Comunitária de Resposta a Emergências (CERT) e Equipa de Preparação para Avalanches no Oblast Autónomo de Gorno-Badakhshan, no Tajiquistão. No Dia Internacional da Montanha de 2021, foi nomeada a primeira Embaixadora Jovem da Boa Vontade pela Mountain Partnership.
Dilshodbegim fala-nos do seu trabalho de voluntária e das suas esperanças para a região de Pamir.
De que gostas mais na tua zona?
Acima de tudo, gosto da linda e vasta zona de fontes termais, que foram dotadas pela natureza com propriedades terapêuticas especiais. Adoro o ar fresco da montanha e a tranquilidade que sempre reina nos cumes das Pamir.
Estou a tentar alcançar o meu potencial aqui porque sinto que sou necessária aqui. Eu, a minha família, a minha comunidade, assim como os voluntários com quem trabalhamos, podemos fazer muito para prevenir e responder a emergências, em cooperação com a Agência Aga Khan para o Habitat (AKAH) e agências governamentais. A ideia de que posso contribuir por pouco que seja para o desenvolvimento de um ambiente e tornar a minha comunidade segura contra desastres naturais é o que me faz continuar.
Que aprendeste durante a formação de CERT?
A coisa mais importante que aprendi é que não precisamos de ser ricos ou poderosos para ajudarmos a nossa comunidade. Tudo o que necessitamos é a vontade de ajudar e, claro, de nos juntarmos a uma organização.
A formação em primeiros socorros também tem sido muito útil.
Em terceiro lugar, fomos ensinados a reagir e a gerir uma situação de emergência antes de a equipa de salvamento chegar. Eu e a minha equipa de voluntários estivemos envolvidos na situação de emergência com as torrentes de lama em Khorog. O nosso papel passou por trabalhar até que os especialistas chegassem, e depois ajudá-los. Nesta torrente de lama, evacuámos as populações para um local seguro. Só voltaram a casa passado duas semanas, porque as casas estão muito perto das montanhas e quando chove, pode haver um fluxo de detritos e queda de rochas.
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Houve alguma hesitação por parte da comunidade em terem uma mulher, ou alguém tão jovem, como líder da equipa de CERT?
Não ouvi recriminações da parte de ninguém. Na AKAH, existem mulheres e homens, alguns com deficiências físicas, e todos recebem formação e uma oportunidade de mostrar o seu valor.
Para alguém que esteja a pensar voluntariar-se, que conselho lhe darias?
Diria que é o melhor passo que podem dar no sentido de se desenvolverem e desenvolverem a sua comunidade. As pessoas que conheci ao longo dos anos ensinaram-me muito e a minha perspetiva sobre algumas coisas mudou para melhor.
É muito importante participar em todas as aulas e atividades para ganhar experiência e aprender a agir em situações de emergência.
Quais os impactos das alterações climáticas que tens visto nas montanhas?
De acordo com os mais velhos, existem cada vez mais desastres naturais, mesmo em locais onde não era expectável haver deslizamentos de terras ou avalanches. Irá haver mais pessoas a migrar para áreas mais seguras. Temos de agir em conjunto para criar condições seguras para a natureza e para as populações.
Que poderia encorajar os jovens a ficar nas Pamir?
Na maioria dos casos, é a necessidade, e não a vontade de aventura, que leva os jovens a abandonar as suas famílias e as suas pátrias. Saem para estudar e trabalhar, devido às más condições de vida e à falta de entretenimento e atividades culturais para os jovens (não há um único cinema ou complexo de entretenimento moderno).
Para encorajar os jovens a ficar, é preciso criar novos postos de trabalho onde estes se possam desenvolver e por conseguinte as sociedades em que vivem. Precisamos de uma maior segurança contra catástrofes naturais e de, pelo menos, um mínimo de conforto para as pessoas que estão cansadas de viver nestas condições difíceis nas montanhas. Temos de replicar nas nossas montanhas as condições que existem nas cidades.
Como é que isto pode ser feito?
Há muito tempo que sonho em construir edifícios residenciais e comerciais modernos e acessíveis com vários andares. Tendo em conta as nossas condições geográficas, com cerca de um terço das poucas planícies a serem áreas perigosas, seria lógico construir casas modernas com vários andares em locais seguros.
Nos pisos inferiores poderiam existir creches, clínicas e supermercados com centros de lazer. Nos andares superiores haveria casas residenciais. Poderíamos construir um beco e um parque perto da casa e construir uma sala de caldeiras solares para fornecer aquecimento, água e eletricidade.
A partir da venda de apartamentos a preços acessíveis, parte do dinheiro poderia ser reinvestido na expansão de condições de vida semelhantes a outras regiões de montanha.
Desde 2002 que celebramos o Dia Internacional da Montanha. Agora, a ONU decretou um ano inteiro dedicado ao desenvolvimento sustentável das montanhas. Como pensas que isto possa beneficiar as sociedades de montanha?
Esperemos que seja através de investimento em projetos novos e inovadores para o desenvolvimento sustentável das montanhas. Espero que sejamos bem-sucedidos e que as Pamir se tornem uma região desenvolvida em todos os sentidos da palavra.